incontáveis vezes ao ano
e sou capaz de me apaixonar
pelos doze meses
numa mesma palavra prolixa
monótona e com todo signo
desabrocho
poderia fingir uma enxaqueca
e dar-me uma boa noite de sono
despregada da vida
amarrada na sobriedade
mas a bebida pede Baco
e nasci para a entrega
larga e permissiva
sei que amar é ledo engano
mas sou rosa
defeituosa e ínfima
nessa quase perfeição
o vento me invade
quase raivoso
abre pétalas minhas
com pouco jeito
e gemendo de um prazer
quase hediondo
entrego-me à ilusão primaveril