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segunda-feira, 8 de março de 2010
“A mulher é um reflexo de todas as graças da natureza condensadas num único ser; é o objeto de admiração e da curiosidade mais viva que o quadro da vida pode oferecer ao contemplador. É uma espécie de ídolo, talvez estúpido, mas maravilhoso, encantador, que mantém os destinos e as vontades presas ao seu olhar.” - Charles Baudelaire
maldita
inerte aos ocos, sonhou o outro
como um estrangeiro espelhado
persona a trazer-te de encontro
ânsia de algo não desvendado
nos olhos artificiais de polaróide
sob a luz vulgar, a máquina plástica
deflagrou-se o híbrido humanóide
retratava imagem tosca e apática
quantas vezes fizeram-na ruir
a parte pura de si, essência alva,
entendia-a como eu, frágil porvir
doei-me desnuda, benta e salva
deflorou-me sem piedade e discência
sugou-me com fúria mórbida, latente
desfaleci, sangue amargo e demência
exaurida, vi-me ali, farta e dormente
espólio impregnado de meus erros
vertendo olhos estéreis do desterro
de mal conceber a minha sertania
que impiedosa corta-me em sangria,
maldita!
(imagem de minha autoria)
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