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quinta-feira, 20 de maio de 2010

pedra utopia























Pedras

ato VII - pedra utopia


“Coloquemos aquilo que é utopia, aquilo que é o conceito, não o coloquemos em lugar nenhum. Coloquemos no amanhã e no aqui.
Porque o amanhã é a única utopia”. - José Saramago


naquela manhã diferente
quebrou suas ferramentas
não foi trabalhar
não construiu mais castelos
para onda derrubar

rasgou a bíblia
esqueceu versículos
de louvor a deuses surdos
e subiu num caixote
no meio do canteiro central

berrou palavras de desordem
num discurso ao proletariado
relembrou o instinto animal
o não-consumismo
o sobreviver em pequena escala

incitou o caos e a guerra

indagava aos ouvintes
quantos mais de seus filhos inocentes
entregariam à Igreja
ou ao Estado?

contradisse sua utopia insana
que remendava o culto
de que tudo vai dar certo
e extirpou a descendência
do não-ser

num momento sentiu-se livre
e em outro se perguntava
a liberdade existe?

sábado, 8 de maio de 2010




do amor

fundo sem poço
sem razão
em outro nome

danação.





(ilustração de Gilberto de Almeida Pinto)