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domingo, 16 de fevereiro de 2014

voláteis


"no movimento perpétuo da matéria, a constatação de que somos mutantes" -Celso Mendes 

voláteis

por onde seguir trilhas as cegas?
meus pés na areia movediça
sentem-se acolhidos
como que sem medo do porvir

há tanto movimento falso
tanto absurdo real
que em meio ao perigo
sentem-se vivos

é o movimento circular
e irreversível
que joga o corpo todo
contra muros de concreto

mesmo que não saibam o motivo
destroem e se reconstroem
fluidos, sem medo
descoordenadamente

olha, olha bem fundo que no meio
do desconhecido se reconhecerá
tal qual quem ama por ver-se iluminado
dentro da retina de outrem

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

motim



tenho predileção por pés, mãos e orelhas
não que sejam essenciais ao romance
mas espero que um dia
possa retocar o ângulo perfeito
que já alcançamos na fuga

que os caminhos sejam menos tortuosos
que essas manhãs nubladas de verões extensos
e meus versos frágeis
não derretam diante dos calos de seus dedos
é que trabalha demais

tive preferência pelos vagabundos iluminados
mas eles só atraem meus olhos
enquanto a gana pede
a força de sua boca e verbo
me sugando a fala e os lábios

tenho adoração pelo silêncio
e se faz necessário em horas distantes
mas peço encarecida
que não me entregue a ele
enquanto habitar minhas medidas

não sou de histórias longas
mas preciso delas
e quando cansados, vazios
lembre-se que na maioria das vezes estamos

e não se esqueça  que tenho predileção
por pés, mãos e orelhas, pelo ângulo perfeito
da hecatombe vetorial que une nossos sexos
e que  as orelhas pedem mesmo
é sua fala rouca e embrulhada
passeando entre os pelos
de minha buceta