Pesquisar este blog
domingo, 28 de dezembro de 2008
a verve que me move
não aplaca a saudade
que toma-me
faz definhar o verbo
sou a mola gasta
de um ser cansado
de viver
e afoito por trovar!
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Pagu,
Poesia
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
parábola
em outras eras
lancei-me
subi o quanto pude
projétil e palavra
a esmo
sem ter-me
e divaguei na
vertigem vazia
da queda
qual pedra
ao encontrar
o solo
quebrei-me
em mil
para estar
no centro
e o repuxo
fez-me inércia
que na descoberta
sempre pede
a dor
do chão!
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
terça-feira, 25 de novembro de 2008
a realidade refuta
e redunda na ilusão
sim, aquela grata ,que nos fere
e nos cala
tal chibata em tronco de perdição
talvez eu fique presa
pelo serpentear e o repique
de tua voz de gargalo
tentando convencer-me
a despir-me de luta
e quem sabe por algum minuto
ou vários, permita-me ser surda
ou solta, sem castigos ou mentiras
só ou contigo em insanidade
entregue à leviandade, cobiça da carne
por hora, sinto-me bem por não ter cedido
aos devaneios de uma vida rapariga
escondo-me ainda nesses risos falsos
em torturas desmedidas
sob meia dúzia de saias floridas
ledo engano essas verdades absolutas
como se não houvesse antônimos
nesse cárcere interno, no inferno íntimo
que ata-me ao teu terno de risca-de-giz
e ao teu chapéu de aba curta
convenci-me da relatividade de tudo
sem as certezas ou dúvidas que nos cercam
quem não vive assim,
não sabe do absurdo
que cega o santo e inspira o vagabundo
eis que nesta hora incerta, sã
por tudo que pude ter e perdi
que valho-me da falta de fé e da descrença
dou-me algumas gotas de mortal veneno
pois a esperança é que me mata.
(imagem da artista plástica Iriene Borges)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Iriene Borges,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
desterro
como deflagar um talvez
de algo que não se fez?
como fugir da rendição
dos poros em arrepio?
imaculado fato profano
ainda não concretizado
faz perder as rédeas
de um suspiro insustentável
de um desterro perdido
entre tantos ais.
(imagem da artista plástica Iriene Borges)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Iriene Borges,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
sou bem um desenho
preto e branco
caricato de um semblante
infame e descontente
de olhos virados
esbugalhados nos cantos
da face pária
nariz rasgando o céu
qual empino de revolta
e rajado de defeitos
cravados em dorso desavisado
serpente de aço
no subterrâneo metropolitano
indefino-me
talvez mero papel de abano
daqueles que se abrem
em conjugação perfeita
entregue à beleza
do movimento da mão alheia
assim no disfarce de minha vexa
por não ser mais que objeto
sou bem o desenho
opaco e acinzentado
rabisco de naif
sem olhos
sem face
preso na tentativa
de serventia
e não ter.
enviar recado cancelar apagar 20 ago
Pagu:
na vigilância discreta
quem sabe me esqueça
do que lateja
dores infindas de cobiça
carimbadas em olhos negros
sem retina
sem menina
eu
vazia por vontade
a angústia
de tua dinastia
avesso de overdose
sou embuste ambulante
sem personalidade
falo-te de teus rastros
dos hinos de adorar
dos mastros que fincaste
em minhas artérias
não há bandeiras
nem frontes
figas ou figueiras
nessa seringa
de ser
por hora
insira o silêncio
nesse tumbeiro de sonhos
que tornou-se paralisia.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
terça-feira, 12 de agosto de 2008
morri duas vezes
ceguei-me do olho esquerdo
de tão desgastada
não quis ver as chagas
que eu mesma abri
antes de ferir-me
mais algumas vezes
calei a aflição
na tentativa da conversão
desferi golpes certeiros
contra carnes moles
e pensamentos impuros
até não conseguir respirar
só aprendi viver assim
consumindo-me em perdas
queda a queda
gota a gota
clamando pelo novo
mãos estrangeiras
buscaram a re-vida
em vão
morri duas vezes.
(ilustração de minha autoria)
quinta-feira, 17 de julho de 2008
No túmulo de Pagu
Redobra teus sentidos e te solta louca
Apegada ao rosto do meu sorriso ferido
Reforma as cores no meu olhar de louça
Aprisiona sem tocar-me nesse momento ido!
Perdeu-te na força de lembranças quase frouxas
Que recobram a vontade de te rever mais pura
Em guerra calada com mera ilusão dos tolos
Despiram rotos até a entrega farta do couro
Esquecer-te como repente estranho, raio preciso
Que atinge toda terra menos o teu fiel vazio
É repensar o toque de teu vago e sereno sorriso
Fazendo-me instrumento de teus desejos tardios
Perceber-te agora vã e fria criatura
Despindo-te nula em infiéis momentos
Como se ainda viva aqui, em carne crua,
Destilasse em mim teus cruéis tormentos.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Venéreo...
Visto que apega-se
igualmente a todos
os teus amores,
vingo-me.
Trago desejo venéreo
por todos que querem
comigo compartilhar.
Que me importa
esperma ou
sangue contaminado,
minha alma está impregnada de ti,
doença maldita.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
domingo, 6 de julho de 2008
nascem de minhas calcinhas
as rimas perfeitas e insolentes
uns diriam, "devassa, indecente!"
mas cabe a mim saber
o que teus olhos não percebem
nas entranhas de meu corpo enfermo
andam os gritos gozosos em pretérito imperfeito
ufanos, efêmeros e decadentes
mas há a certeza de meu doce fatal
o que tua carne não terá
nada em mim é óbvio
apenas minhas sanidades
utópicas, inválidas
mas deixo-te a dúvida
o que digo seria verdade ou mentira?
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
sábado, 5 de julho de 2008
ainda me sobram
ovários estéreis
e palavras idem
não tenho mais artifícios para
(pro) criação
vagina e fala secas
rachadas no ventre
em inanição
não há cura para
(des) inspiração.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
ame-me mais algumas vezes
venere-me como um templo
de gozo efêmero
idolatre-me como se fosse um deus
pois estou de saída
não sei quando volto
não sei se volto
estou às voltas
com um novo mundo
cheio de vertigens
não sei se volto
nem me ame mais
por saber da verdade
não quero mais ninguém
comigo, ouvindo-me
se eu gritar
se eu gemer
se eu chorar
se eu morrer...
os dias que tivemos
foram gentis
mas deixe-me agora
num último beijo
e meu caminho estará livre
sem explicações
e se eu dormir
deixe-me outro beijo
farei só, meu caminho insano.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
quinta-feira, 3 de julho de 2008
em devaneio esgarça
engasga o verso afoito
do meu beijo
ao coito
da língua
ao ventre
quero-te meu
como o vento
de um sopro
que não posso pegar
mas sinto
arfar em pulmão
e leito
inflar o falo
e o peito.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
sexta-feira, 27 de junho de 2008
meus lábios
selados em tua língua
são os versos da falta
escritos em prosa
estampastes o gozo
paraplégico
nesse farrapo vivo
minha lira
é gota dourada
expelida de ti
e desperdiçastes o vulto
de toda verve
em colos alheios.
selados em tua língua
são os versos da falta
escritos em prosa
estampastes o gozo
paraplégico
nesse farrapo vivo
minha lira
é gota dourada
expelida de ti
e desperdiçastes o vulto
de toda verve
em colos alheios.
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
sábado, 21 de junho de 2008
uma ópera introspectiva
se ao menos me lembrasse
de quem sou por trás
da maquiagem branca e carmim
se soubesse dos cantos
desafinados
de minhas vontades
o ator em minha ópera
esquecida
falida
ensaio um sorriso falso
uma reverência
mas caio, ao curvar-me
uma comédia trágica
represento e vivo
nalgum teatro vazio
sem esperar aplausos
ou reconhecimento
antes das cortinas baixarem.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
conhecerá a voz da loucura
na embriaguez
nas entranhas escuras
de sua carne lustrosa
em meio à idéias absurdas
e ao alívio da razão parcial
quem sabe ela se mostre
sem rancores e sem pudores
e ouvirá em si o incômodo
da tristeza sincera
e enfim compreenderá
a humilhação humana
sem escandalizar-se
quem sabe se entregue à tortura
da lucidez torpe
e assim, fora de eixo
simpatize-se pelas dores
que só a insanidade
pode causar.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
domingo, 11 de maio de 2008
a solidão não me aflige mais
esse estágio passageiro
de quando não me basto
vasto à sangria das horas fúteis
entregue à loucura do tempo
vivi o aconchego do estrangeiro
que se entrega ao banho amoroso
de um estar novo e febril
desenhei seus olhos famintos
e deleitei-me em elogios ao profano
mas ao me perceber só diante de mim
desisti da utopia do querer
não há dor maior que o amor
que nasce, goza e morre só
nuvem torpe que cega e chove
a vida me aflige mais
tormento constante de ser
mais um derrotado e ignorante
que crê firme na vitória com luta
e devota-se à paixão insana.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
sexta-feira, 2 de maio de 2008
amo-te,
no verso e reverso d'alma,
que nem sei se tenho
mas palpitam-me os ódios
e rancores todos
quando me nega
se há pureza é meu céu,
dia claro
e noite cravejada de estrelas
e estripada pela lua malvada
ela sim tem seus olhos,
não eu, invejo-a, portanto.
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
sábado, 5 de abril de 2008
aos patativas e assarés
que se pintam em forma de cordéis
intensos, imprecisos
hipertensos, doidivanas
cedo o que há de mais raro
quero-te nas rimas profanas
em meus urais
já não há medidas
para o desmítico
para o encantamento maior
do bem querer
e meu colo sedento
procurou-te nos olhos
de teu criador
e só encontrou o desprezo
de um gozo preso
que não quer se soltar
mas ainda assim
gritava
berrava em vão
meu nome
pagão!
pagão!
(ilustração de minha autoria)
Marcadores:
Bar do Escritor,
Larissa Marques,
Pagu,
Poesia
segunda-feira, 17 de março de 2008
descrevo em versos insanos
a poesia de meu corpo
que ri e zomba de mim
não me orienta mais
enquanto minha alma cala
e meus olhos se enfurecem
olhando para quem dissimulo ser
não há ninho que deseje mais que tua boca
não há colo que espere mais que o teu
as vidas que tive
já não me importam
nem me valem em contentamento
as vísceras querem o tormento
meus olhos
calmaria.
a poesia de meu corpo
que ri e zomba de mim
não me orienta mais
enquanto minha alma cala
e meus olhos se enfurecem
olhando para quem dissimulo ser
não há ninho que deseje mais que tua boca
não há colo que espere mais que o teu
as vidas que tive
já não me importam
nem me valem em contentamento
as vísceras querem o tormento
meus olhos
calmaria.
quarta-feira, 5 de março de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)