Pesquisar este blog

segunda-feira, 30 de maio de 2011

alado





























intempestivo corta-me
e não há caminho fugidio
como serpente silenciosa
avança no escuro mudo
mesmo que seu canto
chegue ao meu ventre

faz berrar a mudez imposta
o baile de sua língua ao me falar
tal eco de correntes no peito
que dão forma e ritmo ao delírio

é andarilho solto dentro de minhas
profundidades

poucas são as senhas virtuosas
marcadas por labirintos existenciais
apenas a luz dos olhos e a sintonia
puída pelo tempo e o descaso
rogam a inadimplência com o vazio

ah, elevai os acordes para que desperte
o guerreiro vigoroso que ainda dorme
em meu colo tenro e inerte
e que venha imponente
cavalgando palavras agudas
tão obtusas quanto o tempo
que não vivi

e se infante engole a seco
o grito e a fúria como cicatrizes
saiba que aqui ainda ouso
deixar-me corpo baldio
um recanto onde possa pousar

sábado, 28 de maio de 2011

oposto


























marque-me com sua tinta
avulso como se meu fosse
convulso como numa odisséia:
Ilíada

lateja perene entre meus lábios
ventre quase arredio
amado é minha ilha:
Ítaca

escolho o caminho curto
o fluxo paradoxal
de sua artéria:
ilíaca