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quinta-feira, 17 de julho de 2008



No túmulo de Pagu

Redobra teus sentidos e te solta louca
Apegada ao rosto do meu sorriso ferido
Reforma as cores no meu olhar de louça
Aprisiona sem tocar-me nesse momento ido!


Perdeu-te na força de lembranças quase frouxas
Que recobram a vontade de te rever mais pura
Em guerra calada com mera ilusão dos tolos
Despiram rotos até a entrega farta do couro


Esquecer-te como repente estranho, raio preciso
Que atinge toda terra menos o teu fiel vazio
É repensar o toque de teu vago e sereno sorriso
Fazendo-me instrumento de teus desejos tardios

Perceber-te agora vã e fria criatura
Despindo-te nula em infiéis momentos
Como se ainda viva aqui, em carne crua,
Destilasse em mim teus cruéis tormentos.


(ilustração de minha autoria)

sexta-feira, 11 de julho de 2008




Venéreo...

Visto que apega-se
igualmente a todos
os teus amores,
vingo-me.

Trago desejo venéreo
por todos que querem
comigo compartilhar.

Que me importa
esperma ou
sangue contaminado,
minha alma está impregnada de ti,
doença maldita.

(ilustração de minha autoria)

domingo, 6 de julho de 2008


nascem de minhas calcinhas
as rimas perfeitas e insolentes
uns diriam, "devassa, indecente!"
mas cabe a mim saber
o que teus olhos não percebem

nas entranhas de meu corpo enfermo
andam os gritos gozosos em pretérito imperfeito
ufanos, efêmeros e decadentes
mas há a certeza de meu doce fatal
o que tua carne não terá

nada em mim é óbvio
apenas minhas sanidades
utópicas, inválidas
mas deixo-te a dúvida
o que digo seria verdade ou mentira?

(ilustração de minha autoria)

sábado, 5 de julho de 2008


ainda me sobram
ovários estéreis
e palavras idem
não tenho mais artifícios para
(pro) criação
vagina e fala secas
rachadas no ventre
em inanição
não há cura para
(des) inspiração.


(ilustração de minha autoria)

ame-me mais algumas vezes
venere-me como um templo
de gozo efêmero
idolatre-me como se fosse um deus
pois estou de saída
não sei quando volto
não sei se volto
estou às voltas
com um novo mundo
cheio de vertigens
não sei se volto
nem me ame mais
por saber da verdade
não quero mais ninguém
comigo, ouvindo-me
se eu gritar
se eu gemer
se eu chorar
se eu morrer...
os dias que tivemos
foram gentis
mas deixe-me agora
num último beijo
e meu caminho estará livre
sem explicações
e se eu dormir
deixe-me outro beijo
farei só, meu caminho insano.

(ilustração de minha autoria)

quinta-feira, 3 de julho de 2008


em devaneio esgarça
engasga o verso afoito
do meu beijo
ao coito
da língua
ao ventre
quero-te meu
como o vento
de um sopro
que não posso pegar
mas sinto
arfar em pulmão
e leito
inflar o falo
e o peito.

(ilustração de minha autoria)