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domingo, 29 de novembro de 2009

de minha origem
pouco sei
pai comerciante
mãe costureira

ele doava o tecido
e ela o costurava

talvez por isso
o alinhavo

linhagem
de casta indefinida

nada sei.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009


rubro

queima a palavra presa na garganta
que o plexo venoso não espera represas
arrebenta o que envergonha
descarta o obsoleto
como quem verte câimbras falhas
o reflexo rugoso do desistir
é coágulo e seca na veia de peito alheio
deixando-o à míngua.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

















isso que me vem
em pequenas caixas
nada mais que marcha
para o furico mais cretino
do escândalo
faíscas

só incendeiam e apagam
riscam traçado fino
o caminhar nulo
repetitivo dos palitos
de ponta escarlate
encandeiam

demasiado cretinas
intuições abalizadas
de quem nada quer saber
compartimentados

natimortos espalhavam-se
no chão feito gravetos
mal queimados
moedinhas de um centavo
brincando
de quem se queima primeiro.
batismais
os tais
senhores fatais

fósforos

terça-feira, 3 de novembro de 2009

ilusões de ótica


(ilustração de Francis Picabia)


as taças da bebida verde
dizem que é fogo
os basculantes avessos
falam em vômitos
os homens juram que é sexo
e as moças sonham que é amor

digo que é fumaça

a bebedeira engana
a náusea repele
a jura mente
os sonhos pervertem
a fumaça disfarça

e na bruma
entre espelhos embaçados
seres descolorados procriam
sorrisos desbotados
dispostos em janelas cinzas
voltadas para mundos de chaminés.