
(ilustração de Francis Picabia)
as taças da bebida verde
dizem que é fogo
os basculantes avessos
falam em vômitos
os homens juram que é sexo
e as moças sonham que é amor
digo que é fumaça
a bebedeira engana
a náusea repele
a jura mente
os sonhos pervertem
a fumaça disfarça
e na bruma
entre espelhos embaçados
seres descolorados procriam
sorrisos desbotados
dispostos em janelas cinzas
voltadas para mundos de chaminés.
3 comentários:
[pode-se contemplar o teatro do mundo, por muitas janelas e postigos, mas é no que se esconde o entendimento humano, que se observa melhor a nossa única condição - nós, o único animal que regurgita a condição ébria da vida! - que vivam os palcos, porque haverá sempre uma cortina...]
um imenso abraço
abraçimenso
Leonardo B.
Lindos versos. Perfeitos na forma e no conteúdo. Parabéns
Bela estrofe: "as taças da bebida verde/ dizem que é fogo/ os basculantes avessos/ falam em vômitos/ os homens juram que é sexo/ e as moças sonham que é amor", e belo corte: "digo que é fumaça". Na verdade esse poema é uma maravilhosa alegoria do mundo moderno, seus embotamentos e névoas. Mas na verdade mesmo, você é uma ótima poetiza.
Um abraço, menina!
William
P.S.: ante que me esqueça, cheguei aqui por que somos colegas no Cronópios, escrevo lá há alguns anos.
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