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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Dominus Saturnus"




















já não importa quão frias
tenham sido essas últimas noites
nem o quanto aprendi estando
ao seu lado ouvindo suas histórias
presenciei a mais bela chuva
nos céus de ontem, sozinha
esperando apenas o brilho de Sírius
que não veio
aqui a terra está fecunda sob um céu calado
que caprichosamente só brilha
como os olhos de quem ama
quem se importa se esse céu está iludido
e se as estrelas brilham sem explicação
vãs, presas num absurdo vácuo e choram?

não nasci com aura de deusa grega
e muito menos como ser mitológico
dos grandes que nascem para ser Deuses
não sou “semi” nada, sou humana,
quero, quedo e castro
e só assim sei amar
não desejo ter posse de estrelas
elas são frias e estão tão longe
sou grata por seu brilho deitar sobre meu ventre
e me fazer mulher, mãe e muda

sim, sou a poeira vermelha do Planalto Central
essa que se revolta com o vento e volta
para si para dar nova vida, cara semente
sou pó de estrelas, foice e dor
e já não vivo de sonhos
faz tempo que não durmo
despertei há anos e esqueci de adormecer
desde então minha data é 13 de maio
e não me pergunte porque
não ousaria querer mudar o curso
nem a órbita das coisas
elas são como são
e ninguém aprende nada
somos o que somos

estou aqui e não esqueço
o caminho de volta.

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