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terça-feira, 6 de março de 2012

artificial






















já não suporto essa natureza frágil
que me inspira amores eunucos
e perfumes presos a lendas

tentei por anos retirar a bonequinha
loura e perfeita que me impuseram
velei e enterrei todas em meu quintal

e de certa forma elas voltam mortas
para atacar essas pequenas verdades
quem dera a beleza não valesse nada

tentei ser Monalisa de sorriso mestiço
sem adornos nos olhos, sem vaidades
seguem-me peitos sal e risos postiços.

Um comentário:

Celso Mendes disse...

enganado o leitor que pensa que esse texto é apenas uma auto-crítica. vai muito além. é uma crítica a costumes sociais ocidentais que tentam impor a todos nós, especialmente às mulheres. um poema que cutuca feridas sem medo de se expor.

como sempre, gosto muito de Pagu.

beijo, Larissa.