agora é uma luz pálida
agora não tenho olhares gentis
essas mãos frias, inertes
trazem um corpo estrangeiro
é o século do silêncio
e os olhos novos mal vêem
onde estará meu pai?
onde estará minha mãe?
onde habitarão meus irmãos?
os carros não param
seus faróis acesos
a marcha acelerada
em vis sem semáforos
levam apressados para casa
e a minha está vazia
não há calor na noite
nem lembranças de acalanto
chove, só chove
e os canaviais bailam
é o túmulo de meu pai
é o abandono de minha mãe
agora é uma luz pálida
agora não tenho olhares gentis
e essas mãos frias, inertes
desistiram das palavras
é o segundo do meu silêncio
Nenhum comentário:
Postar um comentário