Pesquisar este blog

domingo, 19 de junho de 2011

estranho



























nasci para as margens esquerdas
e espero pouco ou quase nada
por conhecer da efemeridade
mas meus pulmões são do vento
e de todo ar que posso prender
num só fôlego

queria poder dizer ao homem que amo
que o desconheço
que não passa de um estranho
um andarilho disperso
entre meus lábios úmidos

queria dizer que não sei tocar essências
e não sou dada à superfícies planas
que sei ir fundo, bem fundo
que mergulho de olhos abertos
e narinas fechadas

ele me possui como santa-ceia
divide-me entre os seus
ali onde sou pão e vinho
em oferenda divina
andor de madeira
com um santo de barro

Nenhum comentário: